segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O partido de Bolsonaro pode trocar de candidato à presidência do Senado para evitar uma vitória de Renan Calheiros, do MDB

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Após declarar apoio à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados, o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, tenta construir uma estratégia para evitar que Renan Calheiros (MDB-AL) volte a comandar o Senado. O emedebista, que apoiou Fernando Haddad (PT) na eleição, é considerado um nome “hostil” ao novo governo por aliados de Bolsonaro e tem o apoio de parte da bancada petista na Casa.
Em entrevistas à imprensa, Major Olímpio (PSL-SP) já admite desistir da disputa se algum aliado se destacar como um nome anti-Renan. “Já estava fazendo isso [tentando unificar candidaturas anti-Renan], tanto que estava conversando com as candidaturas colocadas e buscando um consenso”, comentou.
“A única coisa que mudou é que eu passo a ser mais um desses candidatos, mas procurando esse consenso. Serei eu o intransigente em dizer que a minha candidatura tem de ser única e absoluta? De forma nenhuma”, acrescentou.
Nomes
Desde dezembro, líderes da sigla de Bolsonaro têm realizado encontros com senadores que pretendem disputar o pleito em fevereiro. Conversas foram feitas com Davi Alcolumbre (DEM-AP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Alvaro Dias (Podemos-PR) e Esperidião Amin (PP-SC). As negociações também devem chegar a Simone Tebet (MDB-MS), que, apesar de não ser candidata oficialmente, é vista como alternativa a Renan Calheiros no MDB.
O senador alagoano articula para chegar a um terceiro mandato na presidência da Casa, posto que já ocupou de 2005 a 2007 (durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva) e de 2013 a 2017 (quando o Executivo era chefiado por Dilma Rousseff e depois por Michel Temer). A necessidade de renovação na cúpula do Senado é um dos argumentos mais utilizados contra a sua candidatura. E aliados de Bolsonaro acreditam que Renan, de volta ao posto, pode usar o posto para pressionar o governo.
O PSL sabe que a candidatura de Major Olímpio não é a mais forte porque ele é novato na Casa – critério que costuma pesar na escolha do presidente. “O único jeito de vencer Renan é unir todos contra ele. Só pode haver um candidato, se não ele se beneficia”, disse a deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP). “Se pulverizar, quem ganha é o Renan.”
Na avaliação do PSL, o apoio a Maia para se manter no comando da Câmara dos Deputados teve como efeito o enfraquecimento da candidatura de Alcolumbre no Senado, já que ambos são do mesmo partido.
Votação
A nova legislatura tomará posse em fevereiro. Um fator determinante para a vitória de um grupo contrário a Renan será a possível votação aberta. Em 19 de dezembro, ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu liminar obrigando que a eleição para o próximo presidente da Casa seja aberta.
O partido Solidariedade recorreu à Corte máxima do País para derrubar a decisão de Marco Aurélio sob o argumento da “harmonia entre os Poderes”. O pedido será analisado pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
Assim como na Câmara, o PSL deve também buscar cargo relevante na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e em comissões econômicas, mas admite, nos bastidores, que será muito mais difícil garantir a presidência desses colegiados entre os senadores.

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