Um estudo encomendado pelo Facebook Connectivity à The Economist
Intelligence Unit trouxe dados de extrema importância sobre a
conectividade mundial. Mais da metade das pessoas no mundo está offline.
Segundo o documento, ainda há cerca de 3,8 bilhões de pessoas sem
acesso a uma internet rápida e confiável.
O Índice de Internet Inclusiva (3i) que avalia o nível de inclusão na
internet de um país é dividido em quatro categorias: disponibilidade,
acessibilidade, relevância e rapidez. Este ano, o índice foi expandido
para incluir 100 países, representando 94% da população mundial e 96% do
PIB mundial. Além disso, o estudo 3i traz informações do Value of the
Internet Survey, que entrevistou 5.069 pessoas de 99 países para medir
as percepções sobre como o uso da internet afeta o modo de vida das
pessoas.
Resultados mistos
Como no índice do ano passado, que concluiu que apesar de haver
motivos para o otimismo, ainda estávamos longe de atingir uma total
inclusão na internet, o estudo deste ano mostra um resultado misto.
Este ano foi revelada uma estagnação no progresso para superar as
barreiras digitais. Em contraste com anos anteriores, a diferença entre
os países com menor e maior renda aumentou. Apesar da diferença geral
entre aqueles com acesso à internet e aqueles sem restrições, os países
com menor renda ficaram para trás, pois a melhora foi inferior a de
outros países e muito mais lenta que a do último ano. As conexões de
internet nos países de baixa renda aumentaram apenas 0,8% em comparação
com 65,1% no ano passado.
No lado Positivo, o estudo 3i deste ano mostrou que houve melhora na
inclusão de mulheres e deficientes, com países de baixa renda e
média-baixa renda impulsionando o progresso. No entanto, a
acessibilidade do preço está diminuindo em relação à renda mensal em
muitos países, afetando desproporcionalmente mulheres e pessoas no geral
em países de baixa renda, os quais são mais dependentes de dispositivos
móveis.
Progresso estacionado e crescimento lento da conectividade em países de baixa renda
Embora a porcentagem global de residências conectadas à internet
tenha aumentado de 53,1% para 54,8%, a taxa de crescimento das conexões
de internet desacelerou para 2,9% em 2019, de 7,7% em 2018. Os maiores
aumentos anuais foram de Camarões (106,7%), Quênia (34,3%) e Kuwait
(28,3%).
Em alguns países, o acesso à internet por linha fixa é muito caro ou
inacessível. Enquanto os países de média-baixa renda tiveram uma melhora
significativa de 66% na cobertura 4G, os países de baixa renda tiveram
uma melhora moderada de 22%.
Problemas de acessibilidade impediram que muitas pessoas com
deficiência acessassem a internet. Contudo, as barreiras de
acessibilidade, medidas pelo padrão global da W3C WCAG (Web Content
Accessibility Guidelines), estão diminuindo. A pontuação média de
acessibilidade na web melhorou 9,7% em comparação a 2018. Nos países de
renda baixa e média-baixa, a pontuação melhorou 29,4% e 23,5%,
respectivamente.
Os homens estão mais propensos a ter acesso à internet do que as
mulheres em 84% dos países analisados. No entanto, seguindo uma
tendência positiva de 2018, países de baixa renda e média-baixa renda
progrediram, reduzindo a lacuna entre os gêneros. Embora ainda exista
muito a ser feito, foram demonstrados benefícios de políticas que
envolvem a inclusão digital feminina, programas de habilidades digitais e
metas para mulheres e meninas estudarem ciências, tecnologia,
engenharia e matemática. O Reino Unido, a Namíbia e a Irlanda, seguidos
pela Áustria, Chile e África do Sul, estão entre os países com melhor
desempenho do ano, todos com planos de treinamento de habilidades
digitais para mulheres.
Com base nas conclusões do ano passado, mais da metade dos
entrevistados (52,2%) disse não estar confiante sobre sua privacidade na
internet. Por outro lado, a maioria dos entrevistados (74,4%) acha que a
internet tem sido a ferramenta mais eficaz para encontrar emprego. Além
disso, 60,2% dos pesquisados dizem que as plataformas de educação
online e as tecnologias de educação digital os ajudaram a buscar uma
educação, e 76,5% usaram a internet para melhorar suas habilidades em
meio a um mercado de trabalho dinâmico. Empreendedores, subempregados e
pessoas vivendo em países de baixa renda são limitados pela falta de
conectividade de qualidade.
Como a Value of the Internet Survey constatou benefícios extremamente
positivos do uso da internet, particularmente por melhorar a qualidade
de vida, as implicações dos países de renda mais baixa ficarem para trás
em termos de conectividade são preocupantes. A falta de conectividade
de qualidade pode prejudicar ainda mais a capacidade dos países de baixa
e média renda de melhorar suas economias.
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