quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Em delação premiada, executivos da empreiteira OAS revelaram um total de 125 milhões de reais em propinas para 21 políticos de oito partidos

Executivos da empreiteira OAS contaram em depoimentos prestados em razão de acordo de delação premiada que pagaram R$ 125 milhões em propina e caixa dois para 21 políticos de oito partidos. A delação os executivos foi homologada em julho do ano passado pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal). O conteúdo da delação permanece em sigilo na Corte.
A revelação foi feita por oito ex-funcionários que atuavam na “controladoria de projetos estruturados”, que funcionava como um departamento específico de contabilidade para gerir o pagamento de propina. Em um relatório de 73 páginas da PGR (Procuradoria-Geral da República), a titular Raquel Dodge resume as revelações dos ex-executivos, contidas em 217 depoimentos, e pede providências a Fachin.
Esta é a primeira vez que ex-funcionários da construtora revelam em delação as propinas pagas pela empreiteira e como a empresa operava para conseguir obras. O esquema ilegal da construtora envolvia o superfaturamento de grandes obras como estádios da Copa do Mundo de 2014 e a transposição do rio São Francisco, com possível repasse de parte desses recursos a políticos citados na colaboração.
Nomes citados
– Aécio Neves (PSDB-MG): deputado e ex-senador: acusado de receber caixa dois de R$ 1,2 milhão na campanha de 2014 por meio de contrato fictício e pagamento em vantagem indevida de R$ 3 milhões via doações oficiais em 2014. Aécio Neves negou irregularidades e declarou que as doações feitas à campanha do PSDB em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral.
– Edison Lobão (MDB-MA): ex-senador, teria recebido propina de R$ 2 milhões por obras na usina em Belo Monte. A defesa de Edison Lobão disse que as delações fazem citação desprovida de provas e de qualquer outro tipo de indício. Afirmou, ainda, que acredita que o STF vai determinar o arquivamento deste processo como fez com outro que também citava Lobão e foi arquivado esta semana.
– Eduardo Cunha (MDB-RJ): ex-deputado e preso pela Lava-Jato, é acusado de receber propina de mais de R$ 29 milhões referente a percentual de obras da OAS. “Essa acusação se trata de fatos requentados e já apurados na operação Sepsis, onde Eduardo Cunha se defende e provará sua inocência”, informou a assessoria do ex-deputado.
– Eduardo Paes (DEM-RJ): ex-prefeito do Rio de Janeiro, teria recebido R$ 25 milhões para sua campanha eleitoral de 2012, por meio de caixa 2.
– Eunício Oliveira (MDB-CE): ex-senador, é acusado de receber caixa dois de R$ 2 milhões para sua campanha ao governo do Ceará em 2014.
– Flexa Ribeiro (PSDB-PA): ex-senador, teria recebido, via caixa 2, R$ 150 mil para sua campanha eleitoral ao Senado em 2010.
– Geddel Vieira Lima (PSDB): ex-ministro e atualmente preso, é acusado de fechar contrato fictício de R$ 30 mil com empresa de publicidade para manutenção do site do político. Até a última atualização desta reportagem, ainda não havia resposta da assessoria.
– Índio da Costa (PSD-RJ): deputado, teria recebido repasses de valores espúrios de R$ 1 milhão para a campanha de 2010.
– Jacques Wagner (PT-BA): ex-governador e atual senador, é acusado de receber propina de R$ 1 milhão via contrato fictício e repasses de caixa dois.
– Sérgio Gabrielli: ex-presidente da Petrobras, teria recebido mesada de R$ 10 mil durante o ano de 2013.
– José Serra (PSDB-SP): ex-governador e senador, é acusado de receber R$ 1 milhão via ex-tesoureiro, em caixa 2.
– Marco Maia (PT-RS): ex-presidente da Câmara, teria recebido R$ 1 milhão, por caixa 2, na campanha eleitoral de 2014.
– Marcelo Nilo (PSB-BA): deputado, é acusado de receber propina de R$ 400 mil em 2012 e repasses em 2013.
– Nelson Pellegrino (PT-BA): deputado, teria recebido de R$ 1 milhão em campanha da Prefeitura de Salvador em 2012.
– Rodrigo Maia (DEM-RJ): presidente da Câmara, é acusado de receber caixa dois de R$ 50 mil em campanha à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012.
– Rosalba Ciarlini (PP-RN): ex-governadora, teria recebido R$ 16 milhões da obra da Arena das Dunas, em Natal (RN), via caixa 2.
– Sérgio Cabral (MDB-RJ): ex-governador, é acusado de receber caixa 2 de R$ 10 milhões, em sua campanha ao governo do Rio de Janeiro em 2010.
– Valdemar Costa Neto (PR-SP): ex-deputado, teria recebido propina de R$ 700 mil nas obras da ferrovia Oeste-Leste.
– Vital do Rêgo: ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), é acusado de receber propina de R$ 3 milhões, à campanha eleitoral de 2014 em troca da blindagem da OAS na CPI mista da Petrobras.

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