Executivos da empreiteira OAS contaram em depoimentos prestados em
razão de acordo de delação premiada que pagaram R$ 125 milhões em
propina e caixa dois para 21 políticos de oito partidos. A delação os
executivos foi homologada em julho do ano passado pelo ministro Edson
Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).
O conteúdo da delação permanece em sigilo na Corte.
A revelação foi feita por oito ex-funcionários que atuavam na
“controladoria de projetos estruturados”, que funcionava como um
departamento específico de contabilidade para gerir o pagamento de
propina. Em um relatório de 73 páginas da PGR (Procuradoria-Geral da
República), a titular Raquel Dodge resume as revelações dos
ex-executivos, contidas em 217 depoimentos, e pede providências a
Fachin.
Esta é a primeira vez que ex-funcionários da construtora revelam em
delação as propinas pagas pela empreiteira e como a empresa operava para
conseguir obras. O esquema ilegal da construtora envolvia o
superfaturamento de grandes obras como estádios da Copa do Mundo de 2014
e a transposição do rio São Francisco, com possível repasse de parte
desses recursos a políticos citados na colaboração.
Nomes citados
– Aécio Neves (PSDB-MG): deputado e ex-senador: acusado de receber
caixa dois de R$ 1,2 milhão na campanha de 2014 por meio de contrato
fictício e pagamento em vantagem indevida de R$ 3 milhões via doações
oficiais em 2014. Aécio Neves negou irregularidades e declarou que as
doações feitas à campanha do PSDB em 2014 estão devidamente registradas
na Justiça Eleitoral.
– Edison Lobão (MDB-MA): ex-senador, teria recebido propina de R$ 2
milhões por obras na usina em Belo Monte. A defesa de Edison Lobão disse
que as delações fazem citação desprovida de provas e de qualquer outro
tipo de indício. Afirmou, ainda, que acredita que o STF vai determinar o
arquivamento deste processo como fez com outro que também citava Lobão e
foi arquivado esta semana.
– Eduardo Cunha (MDB-RJ): ex-deputado e preso pela Lava-Jato, é
acusado de receber propina de mais de R$ 29 milhões referente a
percentual de obras da OAS. “Essa acusação se trata de fatos requentados
e já apurados na operação Sepsis, onde Eduardo Cunha se defende e
provará sua inocência”, informou a assessoria do ex-deputado.
– Eduardo Paes (DEM-RJ): ex-prefeito do Rio de Janeiro, teria
recebido R$ 25 milhões para sua campanha eleitoral de 2012, por meio de
caixa 2.
– Eunício Oliveira (MDB-CE): ex-senador, é acusado de receber caixa
dois de R$ 2 milhões para sua campanha ao governo do Ceará em 2014.
– Flexa Ribeiro (PSDB-PA): ex-senador, teria recebido, via caixa 2, R$ 150 mil para sua campanha eleitoral ao Senado em 2010.
– Geddel Vieira Lima (PSDB): ex-ministro e atualmente preso, é
acusado de fechar contrato fictício de R$ 30 mil com empresa de
publicidade para manutenção do site do político. Até a última
atualização desta reportagem, ainda não havia resposta da assessoria.
– Índio da Costa (PSD-RJ): deputado, teria recebido repasses de valores espúrios de R$ 1 milhão para a campanha de 2010.
– Jacques Wagner (PT-BA): ex-governador e atual senador, é acusado de
receber propina de R$ 1 milhão via contrato fictício e repasses de
caixa dois.
– Sérgio Gabrielli: ex-presidente da Petrobras, teria recebido mesada de R$ 10 mil durante o ano de 2013.
– José Serra (PSDB-SP): ex-governador e senador, é acusado de receber R$ 1 milhão via ex-tesoureiro, em caixa 2.
– Marco Maia (PT-RS): ex-presidente da Câmara, teria recebido R$ 1 milhão, por caixa 2, na campanha eleitoral de 2014.
– Marcelo Nilo (PSB-BA): deputado, é acusado de receber propina de R$ 400 mil em 2012 e repasses em 2013.
– Nelson Pellegrino (PT-BA): deputado, teria recebido de R$ 1 milhão em campanha da Prefeitura de Salvador em 2012.
– Rodrigo Maia (DEM-RJ): presidente da Câmara, é acusado de receber
caixa dois de R$ 50 mil em campanha à Prefeitura do Rio de Janeiro em
2012.
– Rosalba Ciarlini (PP-RN): ex-governadora, teria recebido R$ 16 milhões da obra da Arena das Dunas, em Natal (RN), via caixa 2.
– Sérgio Cabral (MDB-RJ): ex-governador, é acusado de receber caixa 2
de R$ 10 milhões, em sua campanha ao governo do Rio de Janeiro em 2010.
– Valdemar Costa Neto (PR-SP): ex-deputado, teria recebido propina de R$ 700 mil nas obras da ferrovia Oeste-Leste.
– Vital do Rêgo: ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), é
acusado de receber propina de R$ 3 milhões, à campanha eleitoral de 2014
em troca da blindagem da OAS na CPI mista da Petrobras.
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