quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Candidatas gastaram R$ 1 milhão e receberam apenas 574 votos

Duas candidatas do PRB e uma do PR disputaram vagas na Alepi e na Câmara Federal.

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Candidatas mulheres que disputaram as eleições do ano passado no Piauí receberam grande quantidade de recursos públicos, aplicaram integralmente na campanha e obtiveram votações insignificativas. O dinheiro é oriundo do Fundo Partidário e Fundo Especial de Campanha Eleitoral. Entre os casos registrados no Piauí, um está no Partido da República.
O diretório nacional da sigla destinou R$ 370 mil a campanha de Tamires Vasconcelos a deputada estadual. Segundo a prestação de contas, ela gastou todos os recursos em campanha, mas obteve apenas 41 votos, sendo apenas 5 votos na cidade em que reside, Regeneração e sete, em Teresina, principal colégio do estado. Pela média, cada voto da candidata saiu ao custo de R$ 9 mil em dinheiro público.De acordo com informações da prestação de contas de Tamires Vasconcelos, 75% dos R$ 370 mil investidos na campanha, foram aplicados em ações de marketing e publicidade, locação de veículos e aquisição de combustíveis. .
Tamires Vasconcelos também recebeu doações do diretório regional do PR no Piauí, comandado pelo deputado estadual Fábio Xavier, que também tem como colégio eleitoral a cidade de Regeneração. No município, Fábio Xavier recebeu 2.386 votos e foi o candidato a deputado estadual mais votado.
PRB deu quase R$ 800 mil para duas candidatas que, juntas, tiveram só 533 votos
Nas eleições de 2018, o Partido Republicano Brasileiro- PRB resolveu investir quase R$ 800 mil nas duas mulheres que disputaram o cargo de Deputada Federal pela sigla. A Auxiliar de Escritório Soraya Coelho recebeu do partido R$ 446 mil para gastar em sua campanha, enquanto a Recepcionista Raimunda Marques recebeu a quantia de R$ 324 mil. O que chama atenção é que, somada, a votação das duas candidatas chega apenas a 533 votos, percentual incompatível com as despesas declaradas por elas com impressão de material e pagamento de militância e divulgação.
De acordo com o TSE, para alcançar os 319 votos que obteve na eleição passada, Soraya Almeida gastou R$ 147 mil com atividades de militância e mobilização de rua, e cerca de R$ 108 mil publicidade por materiais impressos. O restante do dinheiro recebido por ela através do fundo partidário foi aplicado em serviços jurídicos e contábeis e locação de veículos. A despesa total de Soraya na campanha foi de R$ 443.384,90. Na prática, ela gastou cerca de R$ 1389,00 para cada voto que recebeu.
á Raimunda Marques, que obteve apenas 214 votos, gastou R$ 74 mil com impressão de material gráfico e contratou uma pesquisa de opinião por R$ 40 mil. O restante do valor repassado pelo partido foi investido pela então candidata em locação de veículos, combustível e serviços jurídicos e contábeis. O valor total dos gastos declarados por Raimunda na campanha foi de R$ 324.269,58. Para cada voto recebido ela gastou R$ 1515, 00.
Outro ponto que chama atenção nas candidaturas femininas do PRB é que Soraya Coelho e Raimunda Marques aplicaram, praticamente, todo o dinheiro que receberam do partido na campanha. Após a campanha, Soraya declarou como sobras de recursos a quantia de R$3.643, enquanto Raimunda Marques declarou apenas o valor de R$2,32 como sobra financeira de campanha. No Piauí, atualmente, o PRB é comandado pelo Deputado Estadual Gessivaldo Isaías.
“Muitas candidatas recebem o dinheiro e aplicam em outras campanhas”, avalia cientista
Ao O DIA, a cientista política Bárbara Cristina Johas, da Universidade Federal do Piauí, comentou sobre casos em que candidatas mulheres recebem grandes quantidades de dinheiro para campanha eleitoral, mas acabam tendo votações inexpressivas.
A professora cita que, em geral, o partido para prestar contas junto à Justiça Eleitoral, destina recursos para mulheres, mas os recursos são aplicadas em outras campanhas. “Às vezes até sem o consentimento da mulher”. “Muitas vezes o partido convence a candidata a destinar recursos para candidatos com mais chances de ganhar. Isso tem muito a ver com o machismo estrutural, burla a lei eleitoral. O partido sempre vê com maus olhos as candidatas com poucas chances de ganhar e tentam a todo o custo aplicar o recurso a outros candidatos”, explica Cristina Johas.
Questionada sobre o reflexo da tentativa de burlar a legislação eleitoral sobre a cota para candidaturas de mulheres, Cristina Johas pontua que isso causa dois prejuízos. O primeiro seria passar a sociedade a impressão de que as mulheres são corruptas, o que causa um prejuízo àquelas que realmente trabalham pelo fim da desigualdade de gênero na política. A segunda é transformar uma política que se destina a tentar diminuir a desigualdade de gênero, fortalecer a sub-representação feminina nos cargos políticos.

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