quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Renan Calheiros tenta se alinhar a Bolsonaro para voltar a presidir o Senado

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“Já tentaram me matar muitas vezes, mas eu não sou morredor”, costuma dizer Renan Calheiros (MDB-AL). A eleição de Jair Bolsonaro e a onda de rejeição à velha política colocam o senador alagoano em seu mais difícil teste de sobrevivência em décadas. Em campanha para presidir o Senado pela quinta vez, Renan tenta se realinhar ao novo eixo de poder e faz um esforço para se aproximar da agenda do presidente.
“O sentimento do MDB é de ajudar o governo e fazer as mudanças de que o país precisa. Eu só posso ser produto da indicação da minha bancada se concordar com isso”, disse o político alagoano. Crítico mordaz das reformas econômicas do governo Michel Temer, Renan tenta amenizar suas críticas à pauta liberal para se alinhar ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
Também passou a usar as redes sociais para se adaptar aos novos tempos, fez ataques a indicações políticas para cargos públicos e até flexibilizou sua visão sobre pautas sociais. “Quando a sociedade muda os costumes, o Parlamento tem que atualizar as leis. Muitos itens da pauta de costumes do Bolsonaro eu vou ajudar”, afirmou. Em 2005, o senador liderou a frente parlamentar que defendeu o estatuto do desarmamento.
Enquanto Rodrigo Maia (DEM-RJ) costura a adesão do partido de Bolsonaro à sua candidatura na Câmara, Renan ainda conta com a antipatia de integrantes do governo. O senador alagoano quer derrubar essas resistências e, principalmente, convencer seus pares de que não será um elemento de conflito com o Planalto caso se eleja para comandar a Casa.
Calheiros se aproximou de Guedes no fim de novembro. Seu objetivo era derrubar um possível veto da equipe econômica a seu nome. “Como eu, muitos senadores não são tão liberais. Mas nós achamos que a economia vive um estágio que precisa de mudanças”, explicou.
Então líder do MDB, o senador trabalhou em 2017 contra a aprovação da reforma trabalhista de Temer e disse que sua proposta de mudança na Previdência era “exagerada”. Agora, diz que fazia críticas “específicas”. O alagoano apresenta como exemplos seus pacotes de corte de gastos em seu segundo ciclo na presidência do Senado, de 2013 a 2016. “Nossa convergência é a faca”, afirmou.
Calheiros enfrenta um desafio incomum para preservar seu poder. Enfrenta hostilidade aberta do grupo de Bolsonaro e simboliza a política tradicional rejeitada na eleição. O alagoano já foi alvo de 18 inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) e é um personagem recorrente em delações premiadas da Lava-Jato. Nas últimas décadas, protagonizou crises políticas e foi alvo de protestos públicos que pediam “fora, Renan”.
Em conversas internas, o alagoano promete aos colegas que, se eleito, trabalhará pela independência do Congresso em relação ao Planalto. Esse ponto é considerado um aceno à oposição, que teme medidas do novo governo. “Eu sou um batedor de continência. Eu só não bato continência quando estou na presidência do Senado. Ali, você tem que defender o seu território institucional”, disse.
Calheiros também se notabiliza por ser ácido com adversários. A rivalidade com Tasso Jereissati (PSDB-CE), potencial candidato ao comando do Senado, beira o que aliados chamam de “falta de civilidade”.
No fim do ano passado, Calheiros foi procurado por José Serra (PSDB-SP) para tentar um armistício. “Diga ao Tasso que não é civilizado ele dizer que é sério e eu sou ladrão. Se for para um debate no plenário para mostrar quem é honesto, ele não tem nem saúde para isso”, rebateu o alagoano.

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