Após o embate jurídico em torno de um pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a PF (Polícia Federal) vai abrir investigação para apurar novas ameaças, na internet, contra o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR).
As postagens ocorreram após o magistrado se manifestar contra a ordem de soltura do líder petista pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), concedida por um desembargador plantonista no último domingo.
O habeas corpus acabou revogado pelo presidente do órgão, sem que Lula deixasse a cela especial que ocupa desde a noite de 7 de abril na Superintendência da PF na capital paranense, onde cumpre sentença de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do apartamento triplex do Guarujá (SP).
Mensagens publicadas por diversos perfis em redes sociais falam em “matar o juiz Moro”, dentre outras manifestações ofensivas.Em uma das mensagens, um internauta diz que vai “matar Moro com as próprias mãos”.
A apuração ocorrerá em um inquérito que já estava aberto para avaliar ameaças anteriores. Grande parte das publicações ocorreram por meio de perfis “fakes”, ou seja, de pessoas que criam contas com nomes e imagens falsas para tentar esconder a sua real identidade.
Apesar de manter anônimas as informações de contato, a PF tem mecanismos para identificar a localização do internauta que mantém o perfil e máquina de onde partiram as mensagens. A empresa que gerencia a rede social também pode ser contatada para colaborar com as informações necessárias para a investigação.
Apoios
Em nota, sem mencionar diretamente o mais famoso magistrado da Operação Lava-Jato, a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) destacou a “necessidade de respeito à independência judicial dos magistrados que atuam em processos que envolvem ações de combate à corrupção”.
Em outro trecho, a entidade de classe destacou: “Não há razão para se estranhar decisões que condenem e prendam pessoas consideradas culpadas, após o devido processo legal, independentemente do poder ou condição econômica e social. Isso é uma obrigação imposta pelo princípio da igualdade de todos perante a lei”.
Em sua conta no Twitter, o juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Lava-Jato no Rio de Janeiro, publicou na segunda-feira um print com pelo menos oito postagens de internautas dizendo que seria preciso acabar com a vida de Moro. “O que dizer sobre essas mensagens abaixo? A Justiça Brasileira não pode ser usada como instrumento de disputas políticas. Ao contrário, deve ser incondicionalmente RESPEITADA!”, frisou.
O Sindpf-SP (Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Estado de São Paulo) também se pronunciou nesta terça-feira a respeito do caso Lula. Em nota, a organização apoiou os policiais federais que estavam de plantão em Curitiba no domingo “pela cautela e prudência na atuação quando do recebimento de alvará de soltura” do ex-presidente Lula. Conforme o mesmo texto, “a PF não tem cor, nem partido e exerce seu papel constitucional com equilíbrio, moderação e responsabilidade”.
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