terça-feira, 20 de novembro de 2018

Bolsonaro voltou a criticar a suposta influência marxista no Ministério da Educação e disse que dará “cartão vermelho” à diretora do instituto responsável pelo Enem

O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nessa segunda-feira que dará “cartão vermelho” à presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Maria Inês Fini. Ele também rechaçou os rumores de que ela estaria cotada para comandar o Ministério da Educação no governo que assume o comando do País a partir de janeiro.
“Essa aí não esteve à frente da prova do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]? É cartão vermelho, não tem nem amarelo”, respondeu, em entrevista concedida em frente à sua residência, quando questionado sobre a possibilidade de “promoção” de Maria Inês.
Após a aplicação prova deste ano, Bolsonaro fez críticas ao exame e disse que quer ter conhecimento prévio do conteúdo das questões a partir do ano que vem. Em sua manifestação, ele mencionou especificamente uma questão que abordou um dialeto da comunidade LGBT.
“Olha essa prova do Enem, vão falar que eu estou implicando. Agora… pelo amor de Deus! Esse tema da linguagem ‘particulada’, aquelas pessoas, o que isso tem a ver? Vai estimular a molecada a se interessar por isso agora”, sugeriu durante pronunciamento em uma rede social. “No ano que vem, pode ter certeza que não vai ter questão dessa forma. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes.”
Na entrevista dessa segunda-feira, o presidente eleito voltou a criticar o que chama de “aparelhamento” do Ministério da Educação, pasta que ele define como uma das mais importantes da futura gestão. “Há um marxismo lá dentro que trava o Brasil”, acusou. “Nos 13 anos de PT, dobrou-se o gasto em educação e a educação foi lá para baixo.”
Viviane Senna
No último dia 14, a empresária paulista Viviane Senna, presidente do instituto que leva o nome de seu irmão Ayrton Senna, o herói brasileiro da Fórmula 1, e cotada para assumir o Ministério da Educação, reuniu-se em Brasília com a equipe de Bolsonaro.
O encontro foi confirmado pela assessoria do instituto, por meio de nota. “O Instituto Ayrton Senna foi convidado pela equipe do governo eleito para apresentar um diagnóstico e caminhos de melhoria da educação brasileira.” De acordo com pessoas que integram o gabinete de transição, o nome de Viviane é estudado para assumir a Educação do próximo governo. Ainda durante a campanha, a presidente da ONG visitou Bolsonaro em sua casa, no Rio de Janeiro.
Com o objetivo de não chamar a atenção, Viviane se reuniu com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em uma agenda secreta, fora do escritório da transição. A reunião teve as participações de Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, da deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL-SP), responsável por ter apresentado Viviane a Bolsonaro, e de integrantes do Movimento Todos pela Educação.
O nome de Viviane é avaliado como ideal por auxiliares do presidente eleito, mas pessoas próximas a ela dizem que a psicóloga ainda tem resistências em eventualmente assumir um cargo público. Procurado pela imprensa, Mozart Ramos disse que a reunião foi “de caráter técnico” e que não houve sondagens ou convites ministeriais.
Segundo ele, a reunião foi realizado em um hotel da capital federal exatamente para evitar eventuais especulações: “O encontro foi para levar um diagnóstico da educação no Brasil, a convite da equipe do presidente eleito”. Ainda de acordo com Ramos, na reunião, Onyx compreendeu a importância de se investir na melhora da qualidade da educação básica como um fator para o desenvolvimento do País.

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