Ex-diretor do Banco Central e sócio-fundador da gestora de investimentos Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo afirma que os riscos que a volta do PT ao poder representaria são maiores do que os de um eventual governo Jair Bolsonaro (PSL). Na sua opinião, o programa apresentado pelo petista Fernando Haddad demonstra falta de preocupação com a situação frágil das contas do governo e por isso alimenta desconfiança entre os investidores. Bolsonaro, ao contrário, reconhece a gravidade do problema e tem uma equipe preparada para combatê-lo, disse Figueiredo, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
1- Por que a eleição presidencial inquieta os investidores?
A situação fiscal do País é insustentável. Corrigir o problema exigirá um esforço que só dará resultado se houver firmeza desde o início. A confiança só voltará quando a sociedade se convencer de que estamos no caminho da estabilidade. O País está parado faz cinco anos, e ninguém vê nada no horizonte no longo prazo.
O pressuposto é que o próximo governo fará o ajuste necessário, porque será inevitável. Como hoje há muita dúvida sobre o que vai acontecer, a bolsa cai, o dólar sobe. O problema é que há duas vertentes no debate eleitoral. A maioria dos candidatos reconhece que o problema existe e precisa ser resolvido, e oferece diferentes soluções. A outra vertente, que é a do PT, diz que o problema fiscal não existe, que é só estimular o crescimento que tudo se resolverá.
A situação fiscal do País é insustentável. Corrigir o problema exigirá um esforço que só dará resultado se houver firmeza desde o início. A confiança só voltará quando a sociedade se convencer de que estamos no caminho da estabilidade. O País está parado faz cinco anos, e ninguém vê nada no horizonte no longo prazo.
O pressuposto é que o próximo governo fará o ajuste necessário, porque será inevitável. Como hoje há muita dúvida sobre o que vai acontecer, a bolsa cai, o dólar sobe. O problema é que há duas vertentes no debate eleitoral. A maioria dos candidatos reconhece que o problema existe e precisa ser resolvido, e oferece diferentes soluções. A outra vertente, que é a do PT, diz que o problema fiscal não existe, que é só estimular o crescimento que tudo se resolverá.
2- Jair Bolsonaro promete acabar com o déficit público em um ano. Geraldo Alckmin (PSDB), em dois. Esse irrealismo não preocupa também?
Candidatos em campanha sempre exageram. É normal. O que incomoda é ver um candidato recusar o diagnóstico correto, como Haddad. E todas as pessoas no seu entorno na mesma linha, achando que não há nenhum problema.
Eles dizem que vão aumentar o crédito e estimular os investimentos e o consumo. Como assim? Os bancos públicos estão com vários problemas. É como dar veneno ao paciente. Não adianta fantasiar, como Dilma Rousseff fez em 2014. Cinco minutos depois de ser reeleita, quis atacar o problema que escondeu na campanha e não conseguiu.
Candidatos em campanha sempre exageram. É normal. O que incomoda é ver um candidato recusar o diagnóstico correto, como Haddad. E todas as pessoas no seu entorno na mesma linha, achando que não há nenhum problema.
Eles dizem que vão aumentar o crédito e estimular os investimentos e o consumo. Como assim? Os bancos públicos estão com vários problemas. É como dar veneno ao paciente. Não adianta fantasiar, como Dilma Rousseff fez em 2014. Cinco minutos depois de ser reeleita, quis atacar o problema que escondeu na campanha e não conseguiu.
3- Haddad distanciou-se do economista mais heterodoxo do PT e admite a necessidade de ajuste na Previdência. Esses acenos não convencem?
É aquela história. Você tem um funcionário fazendo corpo mole, dá uma chance para ele melhorar o desempenho e ele não se corrige. Aí você cansa, resolve demiti-lo e ele diz que agora vai mudar completamente. Dá para acreditar?
É aquela história. Você tem um funcionário fazendo corpo mole, dá uma chance para ele melhorar o desempenho e ele não se corrige. Aí você cansa, resolve demiti-lo e ele diz que agora vai mudar completamente. Dá para acreditar?
4- Mas os petistas não estão fazendo corpo mole. Eles estão na oposição agora.
O programa de governo que eles apresentaram faz um diagnóstico errado e aponta na direção errada. A duas semanas da eleição o candidato sugere que vai ser diferente. Como acreditar? Não vai funcionar. Se o programa apresentado na campanha aponta o caminho errado e depois o presidente quer mudar, precisa ser um deus para mover o partido, a base de apoio no Congresso, em outra direção. Foi o que Dilma tentou fazer após ser reeleita em 2014. Não deu.
O programa de governo que eles apresentaram faz um diagnóstico errado e aponta na direção errada. A duas semanas da eleição o candidato sugere que vai ser diferente. Como acreditar? Não vai funcionar. Se o programa apresentado na campanha aponta o caminho errado e depois o presidente quer mudar, precisa ser um deus para mover o partido, a base de apoio no Congresso, em outra direção. Foi o que Dilma tentou fazer após ser reeleita em 2014. Não deu.
5- Em 2002, Lula deu uma guinada, se elegeu e foi bem-sucedido.
A diferença é que a situação da economia é muito pior hoje e o PT está no caminho oposto. Na campanha de 2002, Lula mudou a direção do partido meses antes da eleição e logo começou a buscar interlocução com o governo Fernando Henrique Cardoso. Não é o que ocorre agora.
A diferença é que a situação da economia é muito pior hoje e o PT está no caminho oposto. Na campanha de 2002, Lula mudou a direção do partido meses antes da eleição e logo começou a buscar interlocução com o governo Fernando Henrique Cardoso. Não é o que ocorre agora.
6- Bolsonaro é convincente para os investidores?
Ele diz claramente que há um problema, desde o início da campanha. Apresentaram um programa de governo, e agora sua equipe está discutindo os detalhes.
Ele diz claramente que há um problema, desde o início da campanha. Apresentaram um programa de governo, e agora sua equipe está discutindo os detalhes.
7- O que se vê ao redor dele é uma confusão.
A turma envolvida com eles é de primeiríssima linha. Sabem exatamente o quê e como fazer. A equipe ainda está em formação, aprendendo a trabalhar junto.
A turma envolvida com eles é de primeiríssima linha. Sabem exatamente o quê e como fazer. A equipe ainda está em formação, aprendendo a trabalhar junto.
8- De quem o sr. está falando?
Guedes é o único assessor que aparece em público. Ele já disse publicamente que há entre 30 e 40 pessoas com ele.
Guedes é o único assessor que aparece em público. Ele já disse publicamente que há entre 30 e 40 pessoas com ele.
9- O sr. os conhece?
Estive com vários. Tinham um plano mais conceitual lá atrás e agora estão formulando propostas, conversando com a Fazenda. É uma construção.
Estive com vários. Tinham um plano mais conceitual lá atrás e agora estão formulando propostas, conversando com a Fazenda. É uma construção.
10- Bolsonaro teria apoio no Congresso?
Quando a pessoa diz que o Brasil tem esse problema e é eleita com um programa para resolvê-lo, é muito difícil para o Congresso dizer não.
Quando a pessoa diz que o Brasil tem esse problema e é eleita com um programa para resolvê-lo, é muito difícil para o Congresso dizer não.
11- A revista The Economist afirmou que Bolsonaro é uma ameaça à democracia.
É uma questão de opinião. Não acredito em rompimento das regras do jogo democrático. O Congresso não vai deixar.
É uma questão de opinião. Não acredito em rompimento das regras do jogo democrático. O Congresso não vai deixar.
12- A que o sr. se refere? O general Mourão chegou a admitir a possibilidade de autogolpe. O PT nunca sugeriu algo parecido.
Tentaram restringir a imprensa. Nada foi para frente, porque o Congresso não permitiu. E como alguém que é parlamentar há 20 anos, como Bolsonaro, pode ser considerado antidemocrático? Cada candidato no fim é uma espécie de caricatura. Sempre tem muito exagero no que as pessoas falam na campanha.
Tentaram restringir a imprensa. Nada foi para frente, porque o Congresso não permitiu. E como alguém que é parlamentar há 20 anos, como Bolsonaro, pode ser considerado antidemocrático? Cada candidato no fim é uma espécie de caricatura. Sempre tem muito exagero no que as pessoas falam na campanha.
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