terça-feira, 4 de setembro de 2018

“Eu não faço parte dessa esquerdinha boboca que alisa bandido”, disse o presidenciável Ciro Gomes


O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse que não faz parte “dessa esquerdinha boboca que fica alisando bandido” e que mandará prender empresários que estiverem praticando locaute em meio a greves.
Ciro deu a declaração em uma entrevista à imprensa nessa segunda-feira, ao ser questionado sobre como trataria uma greve de caminhoneiros e as demandas do setor se for eleito. O candidato disse que, se for eleito, em seu governo “ninguém vai fechar estrada para impedir pessoas doentes de transitar, para impedir galinha de chegar viva”.
Segundo ele, 70% dos que pararam na greve de maio não eram caminhoneiros, mas “empresários que usam a linguagem da greve para fazer locaute”. “E esses daí a gente vai buscá-los no escritório de ar condicionado deles. Vai buscar com a Polícia Federal, e se for necessário, vou mandar prender”, disse.
“Quem transgredir a lei vai preso, não tem conversa. Não sou dessa esquerdinha boboca, não, que fica alisando bandido”, completou. No fim de semana, uma nota assinada pela União dos Caminhoneiros do Brasil afirmava que haveria uma greve após o feriado.
O comunicado foi uma iniciativa isolada de um dos membros do grupo de WhatsApp, de acordo com o caminhoneiro Salvador Edimilson Carneiro, que administra o grupo de Facebook União dos Caminhoneiros do Brasil.
Ciro criticou, ainda, a política de preços da Petrobras, mas disse que não subsidiará o petróleo. “Como devemos cobrar esse petróleo? Pelo preço especulativo internacional ou pelo custo de produção aqui?”, indagou. “Eu não vou colocar dinheiro público para fazer um preço artificial. Eu vou garantir que a Petrobras vai cobrar todos os seus custos de produção, vai remunerar o seu imobilizado, vai remunerar o investimento e vai ter lucro em linha com as melhores práticas internacionais.”
SPC
O presidenciável defendeu sua proposta de refinanciamento para brasileiros que estão no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), dizendo que os bancos públicos não assumiriam a dívida no caso dos cidadãos que não pagarem as novas parcelas.
Segundo ele, sua proposta prevê o “aval solidário” (grupos de cinco a dez pessoas que se comprometerão de pagar as dívidas uns dos outros, no caso de inadimplência). Ciro afirmou que isso já foi aplicado no Banco do Nordeste e a inadimplência registrada foi de 1,5%.
Também voltou a defender a revogação da PEC do teto de gastos e da reforma trabalhista e disse que vai propor as duas, junto com a reforma da Previdência, já nos primeiros seis meses de governo, se for eleito: “Propor na primeira hora faz da eleição um plebiscito”.
Ao ser questionado sobre Previdência para funcionários públicos, Ciro Gomes disse que passará um “pente fino, finíssimo” assim que eleito para reduzir gastos. Ele disse, entretanto, que o maior problema nacional não é o funcionalismo público, mas os juros da dívida pública e a falta de profissionais nas áreas da saúde, educação e Forças Armadas.
Alfinetadas
Ciro Gomes atacou o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Ele comentava a proposta presente no seu plano de governo entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de que em caso de “qualquer acusação ou denúncia específica fundamentada”, o ministro ou ocupante de cargo de confiança “se afastará voluntariamente da posição e pedirá uma apuração independente”.
“O presidente da República tem que dar exemplo, a tarefa do presidente, do chefe de Estado, não é só não roubar, é não deixar roubar. Eu não tenho dificuldade com as questões escandalosas que envolvem o [Geraldo] Alckmin, mas é flagrante que ele deixa roubar”, afirmou.
Ao ser questionado sobre reportagem da revista Veja em que o ex-tesoureiro do Pros Niomar Calazans diz que Ciro “sabia e participava” de um esquema de extorsão no Ceará denunciado pelos irmãos Batista e que envolveria seu irmão, Cid Gomes, Ciro disse não haver “gravação, delação premiada, um testemunho, um documento, uma pista, uma pegada, seja o que for” contra ele.
Ciro também acusou o presidente Michel Temer (MDB) de ter “encomendado” a reportagem da revista, que chamou de “moribunda”. Questionado se tinha provas sobre essa acusação, o candidato do PDT disse que o “financiamento que, com o BNDES quebrado, estão obtendo” provaria.

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