A FDA (Food and Drug Administration), a agência norte-americana que regulamenta medicamentos e alimentos, aprovou um novo tratamento contra a malária. A tafenoquina, produzida pela farmacêutica GSK, é indicada para a forma recorrente da doença e elimina o parasita com apenas uma dose. Uma mudança significativa diante das 14 doses necessárias na terapia atual.
Além disso, o medicamento consegue eliminar os parasitas que ficaram escondidos no fígado, impedindo assim justamente a recorrência da doença. Segundo especialistas, o Krintafel, nome comercial do medicamento, é uma “conquista fenomenal” no combate à malária.
A malária é uma doença infecciosa causada pelo parasita Plasmodium e transmitida pela picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles. Sua gravidade varia de acordo com a espécie do parasita. Embora o Plasmodium falciparum seja uma das principais espécies causadoras de malária, na última década houve um aumento dos casos de infecção por pelo Plasmodium vivax, que contamina 8,5 milhões de pessoas por ano no mundo inteiro. No Brasil, ela é responsável por 85% dos casos de malária, sendo muito comum também no restante da América Latina e no sul da Ásia.
Novo tratamento
É justamente contra essa espécie que a tafenoquina age. Atualmente, o tratamento indicado para combater o parasita é a administração de primaquina. Entretanto, como é necessário tomá-lo por 14 dias, há uma dificuldade de adesão ao tratamento. Funciona assim: os sintomas começam a melhorar nos primeiros dias do tratamento e, assim que isso acontece, os pacientes param de tomar o remédio, antes de completarem o ciclo recomendado de 14 dias. Por causa disso, alguns parasitas podem permanecer no corpo e se manifestar novamente.
A nova medicação é capaz de banir o parasita com apenas uma dose. Outra vantagem da tafenoquina é a capacidade de expulsar o P. vivax de seu esconderijo no fígado, eliminando-o completamente do organismo e evitando a recorrência da doença.
O fato de o parasita ficar “adormecido” no fígado durante anos antes de se manifestar repetidas vezes dificulta bastante o tratamento. Segundo especialistas, as pessoas infectadas costumam se tornar “reservatórios” da doença já que se o mosquito pica quem está com os parasitas ativos no corpo, ele pode transmitir para outros indivíduos. Esse é um dos problemas que dificultam a eliminação da doença pelo mundo.
“A habilidade de se livrar do parasita no fígado com uma dose única de tafenoquina é uma conquista fenomenal e, na minha visão, representa um dos maiores avanços no tratamento da malária dos últimos 60 anos”, disse Ric Prica, professor da Universidade de Oxford, no Reino Unido, à BBC News.
Acredita-se que a aprovação do medicamento nos Estados Unidos, irá facilitar a análise da nova medicação por outras agências ao redor do mundo e possível aprovação em outros países.
Efeitos colaterais
Como todo medicamento, a tafenoquina não é isenta de efeitos colaterais e alguns deles podem ser bastante graves. Por exemplo, pessoas com deficiência de G6PD – um problema enzimático – podem desenvolver anemia grave e, portanto, não podem receber a nova terapia. Para evitar problemas, a recomendação da FDA é que os pacientes sejam testados para essa deficiência antes de iniciarem o tratamento.
Altas doses de tafenoquina também podem trazer danos a pessoas que sofrem com problemas psiquiátricos graves. Esses fatores podem dificultar o acesso ao tratamento em áreas mais pobres, justamento onde a malária é mais comum. Apesar disso, a expectativa é de que aliada a medidas de controle da população de mosquito, a nova medicação ajude a reduzir os casos de malária no mundo, segundo informações da rede BBC.
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