sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Bolsonaro disse que só deve lealdade ao povo

O presidente Jair Bolsonaro evitou falar diretamente sobre a crise no governo envolvendo integrantes do PSL na tarde desta quinta-feira (17).
Horas depois de destituir a deputada federal Joice Hasselmann da liderança do governo e ficar sabendo que o líder do partido na Câmara, delegado Waldir, declarou que poderia implodir o governo, além de ter chamado o presidente de “vagabundo”, Bolsonaro disse em Florianópolis (SC) que só deve lealdade ao povo.
Ao final do discurso, o presidente voltou a atacar a crise política, sem citar nomes. Para Bolsonaro, a briga é feita por pessoas que “não nos deixam em paz”.
“Alguns, de forma mesquinha, buscam atingir o governo, mas a grande parte quer o bem”, disse o presidente, para quem esse trabalho é resultado de uma “minoria incansável”.
Ao cumprimentar as pessoas que participavam de evento na Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal, na capital catarinense, o presidente disparou: “(…) E queria agradecer ao povo, povo esse a quem devo unicamente lealdade”.
Durante o evento, Bolsonaro sancionou a Medida Provisória que permite e venda de bens apreendidos com traficantes. A MP 885/19 agiliza o repasse, a estados e ao Distrito Federal, de recursos decorrentes da venda de bens apreendidos relacionados ao tráfico de drogas. A MP dá à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas o poder de leiloar esses bens antes do término do processo criminal.
Ao falar sobre o mecanismo conhecido como “excludente de ilicitude”, o presidente defendeu a medida que ainda está em tramitação no Congresso Nacional dentro do pacote de medidas de segurança proposto pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, também presente no evento.
“Não é carta branca para matar, mas é carta branca para não morrer”, afirmou presidente.
Joice Hasselmann
Após ser destituída da liderança do governo no Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) desabafou no Twitter com sequência de mensagens em que fala de “ingratidão” e “traição”. Ela disse ainda que só continuará apoiando Bolsonaro enquanto ele “realmente quiser combater a corrupção, sem jeitinho, sem flexibilizar, sem carteiradas, sem protecionismo a quem quer que seja”.
“Deixo a liderança (do governo) no Congresso com dever cumprido. Articulei a reforma da Previdência em todo país, aprovei o projeto que deu ao presidente R$ 248 bilhões e o salvou de um impeachment, contive inúmeras crises. Não me importo com a ingratidão. Meu couro é duro. Sigo apoiando o Brasil”, escreveu a deputada.
A situação de Joice ficou insustentável no governo na quarta-feira, após a deputada assinar uma lista de apoio à permanência de Delegado Waldir (GO) na liderança do PSL na Câmara. Bolsonaro articulou para que um dos seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), assuma o lugar. Joice e Eduardo não têm um bom relacionamento.
“Continuo firme no combate à corrupção e apoio o presidente Jair Bolsonaro enquanto ele realmente quiser combater a corrupção, sem jeitinho, sem flexibilizar, sem carteiradas, sem protecionismo a quem quer que seja. Se houver esse compromisso mantido com o Brasil, seguiremos juntos”, afirmou, em outra mensagem na rede social.
A deputada escreveu ainda que trabalhava 20 horas por dia para salvar o governo de crises e aprovar as pautas importantes para o País, além de “apagar incêndios durante todos esses meses”. Ela falou em uma das mensagens que esperava traição, mas que não fica abalada.

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