quarta-feira, 5 de junho de 2019

Conheça novos tratamentos contra o câncer no maior congresso oncológico do mundo

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A reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clinica (ASCO, na sigla em inglês), que terminou nesta terça-feira (4), em Chicago, nos Estados Unidos, apresentou grandes novidades sobre os métodos para tratar diversos tipos de câncer. O principal foco das discussões foi a utilização da terapia de combinação e da terapia direcionada como método de ataque mais direto ao tumor. Especialistas do mundo inteiro apresentaram estudos importantes na área do câncer de próstata, câncer de fígado e câncer de pâncreas.
De acordo com o Diretor Geral do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Artur Katz, a presença da equipe brasileira na ASCO é indispensável para que o conhecimento desenvolvido no Brasil sobre o câncer permaneça em sintonia com os últimos avanços da ciência mundial. O Sírio-Libanês é considerado um mais importantes centros hospitalares de referência em oncologia no País, com sólida produção científica em pesquisa clínica.
Segundo Katz, um dos temas de destaque durante o evento foi a medicina personalizada. “Há alguns anos, quando tínhamos 100 pacientes com um câncer de pulmão, os 100 eram tratados da mesma maneira. Hoje é possível individualizar o tratamento, com resultados muito melhores.”
Katz explica que a personalização foi possível graças ao avanço da biologia molecular. “Cada vez mais tentamos compreender as doenças do ponto de vista molecular, isto é, entender os mecanismos que levam as células a se comportarem de maneira aberrante, permitindo o desenvolvimento e manutenção dos tumores.”
Esse tipo de pesquisa em nível molecular, segundo ele, tem permitido a descoberta de uma série de novas drogas que atuam especificamente nas aberrações identificadas, ajudando a personalizar o tratamento. “Hoje fazemos testes de alteração molecular e, com base neles, escolhemos um tratamento que muitas vezes não é a quimioterapia tradicional”, diz.
Imunoterapia
Outra tendência importante que foi debatida profundamente durante a ASCO, como conta Katz, é o progresso contínuo da imunoterapia – um tipo de tratamento que consiste em ativar o próprio sistema imunológico do paciente para que ele destrua as células de câncer. “É uma forma de tratamento que vem revolucionando a oncologia. A imunoterapia ainda não se aplica a todos os tumores e nem a todos os pacientes, mas vem ganhando um terreno extraordinário.”
“Embora a ciência avance a passos largos nessa área e várias drogas imunoterápicas já estejam no mercado, ainda há muito o que pesquisar para que esses tratamentos se tornem mais baratos e eficazes para um número maior de pacientes”, pondera o Diretor-Geral do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, Gustavo Fernandes. “A imunoterapia do câncer é uma realidade, existem medicamentos no mercado há pelo menos cinco anos e centenas de outros estão em fase de pesquisa. Mas ainda precisamos caminhar muito para que essas terapias possam atingir mais gente “, completa o oncologista.
Fernandes lembra que a imunoterapia rendeu Prêmio Nobel de Medicina de 2018 aos cientistas James Allison e Tasuku Honjo, por seus estudos que deram impulso a esse tipo de tratamento.
“Os avanços incríveis que estamos testemunhando vêm da melhor compreensão dos mecanismos que o sistema imunológico utiliza para reagir aos tumores. Descobriu-se que o sistema imunológico possui ‘freios’ que o impedem de atacar o próprio organismo, mas que também detêm os ataques às células tumorais. A imunoterapia se baseia em destravar alguns desses ‘freios’ da imunidade, para que as células do sistema imunológico possam localizar e aniquilar as células de câncer”, explica.
Fernandes contou que, durante o encontro da ASCO, os oncologistas brasileiros tiveram acesso em primeira mão a novidades e avanços na pesquisa clínica em cada uma das especialidades. A seleção dos trabalhos apresentados é rigorosa – mais de 10 mil estudos científicos foram submetidos e cerca de 500 foram aceitos para apresentação. Os pesquisadores do Sírio-Libanês apresentaram estudos que abordam áreas como genética do câncer colorretal, combinação de imunoterapia e radioterapia para tratamento do câncer de mama e o acesso de pacientes brasileiros ao tratamento de sarcoma.
“Habitualmente, os estudos mais importantes da oncologia aparecem nesse congresso. Muitos deles são trabalhos inéditos apresentados durante o evento e publicados simultaneamente nas maiores revistas científicas do mundo. É sem dúvida o evento mais relevante da área de oncologia no mundo”, ressalta Fernandes.
Resultados de testes clínicos para novos medicamentos, terapias e métodos de diagnóstico também foram apresentados no evento. Além da medicina personalizada e da imunoterapia, Fernandes destaca que a apresentação de um novo medicamento para câncer de próstata e sarcoma. “Avanços científicos e aspectos como o acesso da população aos tratamentos serão amplamente discutidos também.”

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