Washington - O
presidente Jair Bolsonaro chegou às 16h18 (17h18 em Brasília) aos
Estados Unidos, onde se encontrará na terça-feira, 19, com o presidente
americano, Donald Trump. Um grupo de 60 manifestantes realizou um
protesto em frente à Casa Branca na tarde deste domingo, 17, contra a
visita de Bolsonaro. Eles já haviam se desmobilizado no momento da
chegada do presidente brasileiro e o acesso à rua foi fechado pelo
serviço secreto americano.
No Twitter, quando pousou em Washington, ele disse que a
união entre Brasil e EUA "assusta defensores do atraso e da tirania".
"Pela primeira vez em muito tempo, um presidente brasileiro que não é
anti-americano chega a Washington. É o começo de uma parceria pela
liberdade e prosperidade, como os brasileiros sempre desejaram",
escreveu Bolsonaro.
Muitos dos participantes do evento expressaram temores
de que o relacionamento dos dois chefes de Estado possa elevar as
tensões na Venezuela, com efeitos negativos para a estabilidade política
na América do Sul, e se declaravam como anti-fascistas. O evento foi
organizado pelo grupo "DC Unido contra o ódio", em tradução livre do
título "DC United against hate."
"Bolsonaro e Trump legitimizam a extrema direita em
nível global, pois assumem uma retórica perigosa contra diversos setores
da sociedade", comentou Michael Shallal, um dos organizadores do
protesto, funcionário de um museu em Washington Segundo ele, um dos seus
principais temores é que "os EUA poderão espalhar o imperialismo pela
América do Sul, sobretudo com um golpe à Venezuela, com intervencionismo
militar."
Para Barbara Silva, tradutora e professora de português
e espanhol na capital americana, Bolsonaro defende "um discurso de
ódio", embasado em muitos preconceitos contra mulheres, negros e
apoiadores do movimento LGBT. Ela também aponta que a defesa do
presidente brasileiro de Juan Guaidó como presidente legitimo da
Venezuela também pode aumentar a tensão entre os governos de Brasília e
de Caracas. "Temo que os EUA possam utilizar a aproximação com a nova
administração Bolsonaro para vender mais armas, o que certamente não é
algo favorável à paz."
Barbara segurava dois cartazes, um no qual dizia "todos
contra o fascimo" e outro com as fotos de Trump e de Bolsonaro com a
frase "Ele não" em português e inglês. Ela apontou também que do
encontro entre dois líderes podem surgir notícias positivas. "Há uma
agenda que deve tratar de economia, como a exportação de carne do Brasil
para os EUA, o que é favorável. Da reunião, não haverá somente pontos
negativos", frisou.
Na avaliação do analista de políticas de uma
organização não governamental, cujo primeiro nome é Jessi, Bolsonaro tem
muitas similaridades com Trump por ter uma postura de intolerância
contra "as pessoas que não pensam como ele", o que gera um ambiente de
animosidade e divisão social. "Seria importante que o presidente do
Brasil não adotasse um comportamento tão próximo ao de Donald Trump, mas
não tenho expectativa de que Jair Bolsonaro vai mudar no curto prazo, o
que é ruim."
"O Bolsonaro representa um tipo de fascismo religioso e
discrimina pessoas negras, encoraja a violência policial. Desde que ele
foi eleito ouvimos mais e mais notícias de homossexuais e negros mortos
pela polícia. Estou aqui não por condenar Bolsonaro, mas o fascismo",
afirmou Rhys Baker, inglês de 31 anos, que trabalha em comunicação
digital em uma rede de TV. Ele disse ter ficado sabendo da situação do
Brasil através do jornalista americano Glen Greenwald.
Já Ben, americano ativista que não quis dizer o
sobrenome, fez uma pós-graduação em estudos latino-americanos e disse
ter muitos amigos brasileiros em Washington. "Bolsonaro representa tudo o
que sou contra: sexismo, racismo, homofobia, transfobia. É terrível em
todas as esferas", disse.
A convocação para o ato foi feita através de redes
sociais pelo movimento intitulado DC United Against Hate. A chamada para
a movimentação trazia os dizeres: "sem Bolsonaro em DC! Solidariedade
com o anti-fascismo internacional".
Bolsonaro chegou nesta tarde a Washington, onde ficará
até a noite de terça-feira. Ele irá se hospedar na Blair House,
residência de hóspedes do governo americano, em frente à Casa Branca. O
primeiro compromisso do brasileiro será um jantar com representantes do
movimento conservador americano. A segunda-feira será destinada a
encontros com empresários e investidores e, na terça-feira, Bolsonaro
terá um encontro bilateral com o presidente americano Donald Trump.
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