A ameaça de um conflito armado
paira sobre a Venezuela. O presidente norte-americano Donald Trump
afirmou que não descarta uma opção militar para tirar do poder o
presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e que o Exército da Venezuela
deveria apoiar o governo do presidente autoproclamado da Venezuela, o
oposicionista Juan Guaidó. As informações são da BBC.
Em resposta, Maduro e seu ministro
da Defesa disseram que os venezuelanos lutariam até as últimas
consequências caso haja uma intervenção militar. A tensão em torno de um
conflito tem aumentado por causa da ajuda humanitária enviada por
países que declararam apoio a Guaidó. Este anunciou que, a partir deste
sábado, esses mantimentos começariam a entrar no país, em uma estratégia
que busca fazer frente a uma crise socioeconômica que o governo
chavista nega.
Isso, entretanto, não aconteceu.
Foi anunciado fechamento de três pontes na fronteira com a Colômbia e
houve enfrentamento entre manifestantes e forças policiais. Para Maduro,
apoiado por Rússia e China, seus opositores tentam “fabricar uma crise
humanitária que não existe na Venezuela” para justificar uma intervenção
estrangeira. Por isso, ele anunciou o fechamento da fronteira com o
Brasil e estuda fazer o mesmo na região fronteiriça com a Colômbia. O impasse na fronteira e os confrontos deixam o Exército venezuelano sob os holofotes.
Qual é o tamanho do efetivo das
Forças Armadas da Venezuela? De acordo com dados do Ministério da Defesa
do país, a Força Armada Nacional Bolivariana tem entre 95 mil e 150 mil
integrantes, número que não inclui os membros da Milícia Nacional
Bolivariana, um grupo paralelo descrito como paramilitar pelos críticos
do governo e formado por voluntários que assumem várias funções a
serviço do Estado.
Esses milicianos recebem
treinamento no manejo de armas e usam rifles antigos que pertenciam
anteriormente ao Exército. A Milícia Nacional baseia-se na premissa da
“união cívico-militar”, cunhada pelo presidente Hugo Chávez, morto em
2013, pela qual toda a sociedade deve complementar o esforço do Exército
na “defesa da nação”.
Maduro manteve seu compromisso com
a milícia, apesar das acusações de militarização da vida civil e
anunciou, em janeiro deste ano, que o corpo de segurança está próximo de
atingir 2 milhões de integrantes. Não há informações precisas, no
entanto, sobre o número real de integrantes e a qualidade de seu
armamento e treinamento militar.
Também formam as Forças Armadas os
integrantes da Guarda Nacional, um corpo militar responsável pela ordem
pública e pela proteção dos cidadãos. Conhecida por todos os
venezuelanos, uma de suas atribuições mais comuns é fazer o policiamento
das ruas e das rodovias do país.
Nos últimos anos, a Guarda
Nacional vem ganhando maior destaque pela repressão violenta contra os
manifestantes de oposição, especialmente durante os protestos de 2017, e
sua conduta tem sido objeto de polêmica. Também não há informações
precisas sobre o tamanho do efetivo da Guarda Nacional.
Foi ela que, na manhã deste sábado, bloqueou a passagem na fronteira entre Venezuela e Colômbia em Ureña, no Estado de Táchira.
Após a chegada de Chávez ao poder
(1999), a Venezuela aproveitou o crescimento das receitas do petróleo na
primeira década dos anos 2000 para dar início a uma renovação ambiciosa
das Forças Armadas que teve a Rússia e a China como suas principais
provedoras.
Desde então, os russos forneceram à Venezuela vários modelos de aviões, helicópteros, tanques e unidades de artilharia. O
apoio da Rússia voltou a se fazer presente em dezembro do ano passado,
quando o governo de Vladimir Putin enviou à Venezuela dois modernos
bombardeiros capazes de transportar armas nucleares, os Tu-160, para um
exercício em conjunto com a aviação venezuelana. O episódio gerou duras
críticas do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Mas a grande contribuição russa
para a ampliação da capacidade militar venezuelana foi a venda de caças
Su-30Mk2 que, segundo especialistas, são capazes de competir com os
modelos americanos mais avançados graças a seu poder de fogo,
manobrabilidade e desempenho.
Além disso, os russos repassaram à
Venezuelana sistemas de mísseis antiaéreos e os chineses, radares que
permitem estabelecer o que o portal especializado Infodefensa descreveu
como “o melhor sistema de defesa aeroespacial da América Latina”.
Nos anos de chavismo, uma frota
naval sediada na cidade de Puerto Cabello também passou por uma completa
renovação. Considerando todos os seus recursos humanos e técnicos, o
site Global Firepower colocou a Venezuela na 46ª posição do ranking
mundial de países com maior força militar no ano passado. O Brasil está
na 14ª posição e os Estados Unidos, em primeiro lugar.
Um especialista militar
estrangeiro que vive em Caracas e que pediu para não a ser identificado
disse à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, que
“há muitas dúvidas sobre a capacidade operacional real do arsenal (da
Venezuela), devido à falta de manutenção”, outra consequência da crise
econômica grave que o país enfrenta.
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