O alojamento em que estavam os meninos do sub-15 e sub-17 do Flamengo, vítimas do incêndio da madrugada desta sexta (8), era um contêiner, resquício da primeira fase do novo Ninho do Urubu, o CT (Centro de Treinamento) do clube em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. No início desta década, todas as dependências que atendiam ao futebol no Ninho do Urubu, tanto da base quanto dos profissionais, eram formadas por contêineres – estruturas temporárias que dispunham de janelas e ligação com ar condicionado.
Em novembro de 2010, o clube iniciou sua primeira campanha para angariar fundos para instalações definitivas, vendendo “tijolinhos” entre torcedores, num esforço que foi acelerado principalmente nas gestões Patricia Amorim (2010-12) e Bandeira de Mello (2013-2018), sobretudo com a venda da sede do Morro da Viúva, no Flamengo, aprovada em 2017 e oficializada em 2018, para a construtora Cyrela.
Em dezembro de 2018, o clube inaugurou o novo módulo para o futebol profissional no Centro de Treinamento. Elogiada por sua modernidade, ela permitiu que as outras instalações fossem dedicadas à base. Ainda assim, havia uma previsão de que essas estruturas fossem desativadas ainda em fevereiro, com a transferência dos meninos para o antigo módulo usado pelos profissionais desde 2016.
“Normalmente, você tem cerca de 30 garotos, divididos por várias categorias de idade, instalados nessas estruturas. São meninos que chegam para avaliação, que moram longe, às vezes até de outros Estados, e acabam ficando ali, porque o clube oferece essa estrutura”, afirmou Júnior, comentarista do Grupo Globo e ex-jogador do Flamengo.
A área do Ninho do Urubu em que estavam alojados os atletas não tinha autorização da Prefeitura do Rio para funcionar como dormitório. De acordo com nota oficial da administração pública, o local está descrito como área de estacionamento. A Prefeitura acrescenta que a atual licença do CT, aprovada em 5 de abril do ano passado, tem validade até 8 de março e que só “há inspeção neste tipo de edificação em casos de denúncia”.
Ministério Público do Trabalho do Rio
O MPT-RJ (Ministério Público do Trabalho do Rio) anunciou a criação de uma força-tarefa para apurar as causas do incêndio ocorrido no Ninho do Urubu, CT do Flamengo. Procuradora do MPT-RJ, Danielle Cramer será responsável por liderar a força-tarefa e detalhou como pretende atuar daqui para frente. Os trabalhos demandarão, por exemplo, a análise da documentação emitida por órgão oficiais e o acompanhamento do desfecho do inquérito aberto pela Polícia Civil.
“A gente está decidindo ainda que medidas vamos adotar. São duas perspectivas. Uma é assegurar que as vítimas e suas respectivas famílias tenham reparação pelos danos sofridos. A outra é apurar o que falhou no meio-ambiente de trabalho para que haja adequação”, disse ela. A procuradora ainda deixou em aberto a possibilidade de um eventual pedido de bloqueio de bens do Flamengo para assegurar o pagamento de indenização às famílias.
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