A ex-presidente Dilma Rousseff utilizou a sua página no Facebook para rebater as declarações feitas pelo chefe do GSI (gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, que em discurso de posse afirmou que o sistema brasileiro de informações foi “derretido” pelo último governo petista, uma vez que “a senhora Rousseff não acreditava na inteligência”.
No texto-resposta, ela destaca que ao longo de seu mandato vivenciou “várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado”. Dentre as situações citadas por ela, estão os grampos ilegais feitos, em seu gabinete, no avião presidencial e na Petrobras pela agência de inteligência dos Estados Unidos, a NSA (National Security Agency).
“Os setores da inteligência brasileira não só desconheciam que a interferência vinha ocorrendo há tempos, como sequer sabiam os meios necessários para bloqueá-la. Nem mesmo tinham o conhecimento do que havia sido captado pela NSA nos referidos grampos. Uma ‘inteligência’ ligada à Presidência da República que não tem conhecimento, capacidade e tecnologia para enfrentar a moderna espionagem cibernética não é crível”, ressalta Dilma no texto.
“Aliás, a falha mais recente ocorreu no governo Temer, o que evidencia que tudo continua igual no setor de inteligência. Durante a campanha, quando o atual presidente, então candidato, foi alvo de atentado em Juiz de Fora, a ‘inteligência’ já supostamente reconstruída, desconhecia a ameaça e, portanto, não pode impedi-la. Tais exemplos mostram porque a inteligência do governo ainda não é credível”, afirma.
Íntegra da postagem
A “inteligência” na qual não se deve acreditar
A “senhora Rousseff não acreditava na inteligência”. A declaração é do “senhor Heleno” ao assumir o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Tal afirmação vem sendo feita pelo “senhor Heleno” em todas entrevistas dadas à imprensa. Em vista disso, é inevitável tratar do assunto.
De fato, durante meu mandato, tive várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado.
Houve falha, por exemplo, ao não detectar e impedir o grampo feito ilegalmente no meu gabinete, em março de 2016 – sem autorização do Supremo Tribunal Federal –, quando foi captado e divulgado meu diálogo com Luiz Inácio Lula da Silva, às vésperas dele ser nomeado para a Casa Civil
O caso mais grave, entretanto, ocorreu em 2013, por ocasião da espionagem feita em meu gabinete, no avião presidencial e na Petrobras pela National Security Agency (NSA), a agência de inteligência dos EUA.
Os setores da inteligência brasileira não só desconheciam que a interferência vinha ocorrendo há tempo – só souberam após o caso Snowden – como sequer sabiam os meios necessários para bloqueá-la. Nem mesmo sabiam o que havia sido captado pela NSA nos referidos grampos.
Uma “inteligência” ligada à Presidência da República que não tem conhecimento, capacidade e tecnologia para enfrentar a moderna espionagem cibernética não é crível.
Na verdade, a própria defesa da soberania do País exige que nela não se acredite para que se possa tomar todas as medidas necessárias para torná-la efetiva e contemporânea. Negar tal fato só atrasa o processo.
Aliás, a falha mais recente ocorreu no governo Temer, o que evidencia que tudo continua igual no setor de inteligência. Durante a campanha, quando o atual presidente, então candidato, foi alvo de atentado em Juiz de Fora, a “inteligência” já supostamente reconstruída, desconhecia a ameaça e, portanto, não pode impedi-la.
Tais exemplos mostram porque a inteligência do governo ainda não é credível.
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