Durante cerimônia de posse de novos colegas, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que o presidente Jair Bolsonaro inaugura um mandato de mudanças e renova a esperança dos brasileiros. Ela também saudou os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli.
“Esta presença inédita é um sinal grandiloquente de que a PGR é reconhecida de fato e verdadeiramente como instituição de promoção de justiça pelos Poderes da República, como quis a Constituição Federal de 1988”, discursou Raquel. Em seguida, ela se dirigiu a Bolsonaro, dizendo-se sensibilizada:
“Agradeço especialmente a vossa excelência, presidente da República, que recém-eleito inaugura um mandato de mudanças sob a égide da Constituição e renova a esperança dos brasileiros de que a vida cotidiana seja melhor para todos, calcada em valores constitucionais caros aos brasileiros”.
Bolsonaro não ficou até o final da cerimônia. Ao ser anunciada a sua saída, ouviam-se gritos de “mito!” na plateia formada por familiares dos novos procuradores.
Relação
O clima entre a procuradora-geral da República e Jair Bolsonaro é bem diferente daquele que havia em abril do ano passado, quando ela denunciou o então deputado federal do PSL-RJ e pré-candidato ao Palácio do Planalto elo crime de racismo contra quilombolas, indígenas, refugidos, mulheres e LGBTs.
Na época, Raquel Dodge afirmou que ele havia utilizado “expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais” durante palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro. Em entrevista naquele mesmo mês, o então presidenciável alegou que a procuradora-geral era contra a sua candidatura.
“Ela acha muito e não encontra nada. Ela teria que, primeiro, dizer para nós por que ela entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para acabar com o voto impresso. Ela confia no voto eletrônico ou ela faz parte do mecanismo, do sistema que interessa qualquer um se eleger em 2018, menos Jair Bolsonaro?”, indagou na ocasião. Em setembro, porém, a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitou a denúncia por três votos a dois.
De volta ao discurso desta noite, a titular da PGR disse que, a cada renovação de mandatos por meio eleições, reacende-se a esperança no fortalecimento do regime de leis. Única autoridade a discursar, Raquel afirmou ainda que “é preciso defender, proteger e aplicar a Constituição tanto nas situações mais simples, entre os indivíduos, como também no trato das pessoas com o Estado, na proteção da democracia, do bem comum e do patrimônio público”.
“O Brasil tem sede de Justiça. A promessa de bem estar e de felicidade para todos tem sido adiada pela injustiça contra muitos. Injustiça que decorre da corrupção de verbas públicas e adia o financiamento de serviços de educação e saúde, o acesso à casa própria e à alimentação adequada”, declarou.
“Um sistema de privilégios para poucos tem dificultado o acesso a bens fundamentais e esmaecido a compreensão de que o principal mandamento constitucional é de que todos sejam tratados de modo igual perante a lei: que ninguém seja esquecido e que os infratores sejam punidos de modo igual”, prosseguiu.
“O Estado que arrecada tributos, deve adotar medidas que impeçam a corrupção de verbas públicas, porque elas são necessárias para financiar serviços que atendam o bem comum. Não pode admitir que a ação do crime organizado dilapide o patrimônio, dissimule a apropriação privada da coisa pública e esgarce o tecido social pela perda de confiança nas instituições”, finalizou.
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