A força-tarefa do MP (Ministério Público) de Goiás que investiga as denúncias de abuso sexual cometidas pelo médium João de Deus pediu a prisão do religioso. O pedido foi protocolado no fórum de Abadiânia, e o processo irá correr em segredo de Justiça.
O médium goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus, chegou na Casa Dom Inácio de Loyola pela manhã. Ele atende pacientes no local há 44 anos, às quartas, quintas e sextas-feiras. Ao descer do Ford Ka branco, por volta das 9h30 min desta quarta-feira (12), o líder espiritual que é conhecido mundialmente entrou na sala de orações e falou rapidamente com os seguidores. João de Deus ficou sete minutos na Casa e disse que “não tinha condições de trabalhar”.
“Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui, mas quero cumprir a lei brasileira, pois estou na mão da lei brasileira. O João de Deus ainda está vivo. Que a paz de Deus esteja com todos”, declarou o médium. O encontro foi filmado pelos próprios seguidores.
Na saída disse: “Sou inocente”. A primeira aparição de João de Deus foi marcada por um grande tumulto. Seguidores chegaram a agredir verbal e fisicamente os jornalistas. “Vocês terão câncer e vão voltar aqui para se curar“, disparou uma mulher.
João de Deus foi embora da Casa Dom Inácio e tomou rumo desconhecido. Segundo a assessora, Edna Gomes, ele teve um pico de pressão. Uma voluntária, que pediu para não ser identificada, disse que o médium foi para São Paulo após deixar o município goiano.
De acordo com voluntários que estavam dentro da sala de orações, o médium refutou as denúncias de abuso e afirmou que a Justiça irá decidir sobre todas as acusações.
Ainda de acordo com testemunhas, João de Deus explicou que não se sentia confortável para fazer cirurgias espirituais e outros atendimentos, agradeceu a oportunidade de estar no local e saiu amparado. Muitos seguidores começaram a chorar.
Voluntário há mais de 20 anos, Cláudio José Antônio Prujá explicou que João de Deus não conseguia incorporar na manhã desta quarta (12). “O médium precisa estar relaxado, tranquilo”, contou.
Até o momento, 450 denúncias foram protocoladas em Ministérios Públicos de 10 Estados e do Distrito Federal. Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de Goiás, Luciano Miranda Meireles avalia que as denúncias de abuso sexual envolvendo o líder espiritual João Teixeira de Faria tem potencial para alcançar uma dimensão maior do que o caso de Roger Abdelmassih.
O ex-médico de reprodução assistida foi condenado a 181 anos de prisão por estupro de pacientes. “Pela movimentação que estamos assistindo, o número de mulheres que se apresentam como vítimas deverá ser maior. Há relatos de abusos ocorridos há 20 anos.”
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