Logo no início de seu mandato como presidente da República, a partir de 1º de janeiro, Jair Bolsonaro deverá concluir cinco acordos de comércio internacional em andamento no Palácio do Planalto. Segundo fontes do atual Executivo, duas tratativas estão em fase preliminar e três se encontram em estágio mais avançado.
A situação mais adiantada se refere ao Canadá, UE (União Europeia) e Efta (Europeen Free Trade Association). Já as conversas com Coreia do Sul e Singapura ainda não engataram a “segunda marcha”.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, espera-se que pelo menos com o Canadá tenha um desfecho definitivo e positivo já no primeiro ano sob a nova gestão federal brasileira. Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a abertura do mercado do país da América do Norte poderá ampliar a exportação de até 336 produtos.
As tratativas ocorrem em meio a negociação do acordo comercial entre Mercosul e UE (União Europeia), no qual a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, afirma que será difícil realizar acordos de bloco comercial com o novo governo brasileiro.
Neste sentido, o presidente francês Emmanuel Macron já condicionou o sucesso do acerto bilateral na área de comércio à permanência do Brasil no acordo de Paris, algo difícil de se concretizar: desde que foi eleito, Jair Bolsonaro tem reiterado o seu plano de de romper com os acordos vigentes na área da sustentabilidade ambiental.
Rejeição
“Se não mudar, sai fora. Porque temos de ficar? É um acordo possivelmente danoso para a nossa soberania”, afirmou o futuro presidente nesta semana, ao relacionar a soberania nacional à questão climática. “Muitos estão fora, não assinaram. Por que o Brasil tem de ficar, para ser politicamente correto?”, completou, em mais uma manifestação que motivou uma série de críticas.
Na sua avaliação, o Brasil pode não conseguir cumprir, até 2030, as exigências previstas no acordo de Paris. “Não conseguiremos reflorestar uma área do tamanho do Rio de Janeiro”, exemplificou. Caso isso ocorra, alertam especialistas, o País passaria a correr o risco de sofrer sanções e ver prejudicado o seu comércio em nível internacional.
No que se refere ao cenário ambiental interno, Bolsonaro voltou a criticar “a indústria de multas abusivas e extorsivas do Ibama”, fruto supostamente de “capricho de alguns fiscais”. Ele mencionou como exemplos “o corte de uma árvore que está caindo, o derrame de pouco combustível de trator na terra e a atividade de pequenos pescadores que recebem multas “inacreditáveis”.
“A política ambiental não pode atrapalhar o desenvolvimento nacional”, argumentou, defendendo a rápida concessão de licenças ambientais. “Isso atrapalha prefeitos, impede que se abra e até se faça manutenção de estrada, principalmente na Amazônia. Vamos acabar com isso. Se precisar de nova lei, iremos ao Parlamento”, frisou.
Ele também detonou o Pacto Global de Migração, assinado recentemente pelo governo brasileiro. “Todos somos migrantes no Brasil, mas não podemos escancarar as portas para [todo mundo] vir numa boa.” Segundo ele, é preciso ter cautela com a “cultura totalmente diferente da nossa”. E deu o seguinte exemplo: “Chegar aqui e querer casar com crianças de 11 anos. Não podemos admitir certo tipo de gente que venha para o Brasil desrespeitando nossa cultura e nossa religião”.
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