segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Marqueteiro do PSDB avalia que a facada contra Bolsonaro foi decisiva para a sua vitória no primeiro turno

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Responsável pelo marketing da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), o jornalista Lula Guimarães, 51 anos, afirmou que o atentado contra o deputado Jair Bolsonaro (PSL), durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG) no dia 6 de setembro, foi o fator decisivo que o colocou no segundo turno: “A facada interrompeu a possibilidade de mostrar quem ele realmente é”.
Ainda conforme o marqueteiro, a forte presença nas redes sociais foi importante para o candidato do PSL, mas a cobertura jornalística sobre o atentado o ajudou muito mais. Bolsonaro obteve uma votação impressionante sem ter tempo no horário eleitoral e com uma campanha focada nas redes sociais.
O marqueteiro menciona que a rejeição do Bolsonaro subiu bastante em pouquíssimos dias de campanha e ele também se expôs em dois debates, passando a imagem de completo despreparo. “A facada interrompeu a desconstrução da sua imagem e ele passou a ser poupado em uma campanha curtíssima. Foram duas semanas perdidas”, pondera.
Sobre a cobertura do crime, Guimarães acrescenta que o presidenciável do PSL passou a ter um espaço enorme na televisão logo após o incidente. Somente na Rede Globo, por conta do atentado, foram mais de três horas de exposição imediata. Nenhum candidato teve isso. Foi o maior tempo de TV disparado, o dobro dos outros, em uma mídia com muito mais credibilidade que a propaganda. E com um processo de vitimização, da luta de um homem pela vida.
“Então não é verdade que Bolsonaro chegou ao segundo turno por conta apenas da internet, ainda que tenha obtido um espaço extraordinário nas redes sociais, em um trabalho que começou lá atrás. A TV, involuntariamente, o ajudou muito.
O marketing político tradicional morreu? “Acho que não”, responde Guimarães. “Se Bolsonaro tivesse dois minutos de TV no horário eleitoral gratuito, provavelmente venceria no primeiro turno. Teria feito diferença. O Haddad teve a candidatura lançada pouquíssimas semanas antes da votação. Se não fosse a televisão, não teria crescido como cresceu. As redes sociais não bastariam.”
Candidatura tucana
Sobre os erros do PSDB (que concorreu ao Palácio do Planalto com Geraldo Alckmin), Guimarães diz que o partido não fez a autocrítica que cobrou do PT, citando as acusações envolvendo Aécio Neves e outros líderes tucanos. E houve a questão do tempo:

“Alckmin teve um tempo enorme no horário eleitoral. Teve cinco minutos e meio. O tempo disponível para os candidatos na eleição de 2014 era de 25 minutos, o dobro de agora. E a campanha era mais extensa, com 15 dias a mais”.
“Mesmo não sendo um latifúndio, Alckmin teve um tempo muito maior do que os outros. Você saiu de uma vitória em primeiro turno com João Doria dois anos atrás. E agora seu candidato teve um desempenho pífio”, continuou. “O marketing é apenas um dos fatores em uma campanha. Eleição é como um acidente aéreo, não há uma única causa. Alckmin é um moderado num momento em que o Brasil pede alguém com posição mais histriônica”.
Para o marqueteiro, o tamanho da derrota do PSDB no País é reflexo disso: “Também houve uma série de boatos disseminados na internet pelos adversários contra o Alckmin. Isso tudo se combina com um candidato e um partido sobre o qual recaem em São Paulo uma certa fadiga de material. Há sempre um assunto que comanda a eleição, mais do que as ferramentas. O momento social e econômico fala mais alto que a comunicação. Os marqueteiros influenciam, mas com limitação. E a pauta desta eleição é a mudança dos políticos”.
Segundo turno
A eleição já acabou? “Acho que não, há espaço para movimentação. A tendência é Bolsonaro vencer, mas a gente não sabe o que pode ocorrer até lá. Pode haver erros. Mudanças de posicionamento. Ou a sociedade pode simplesmente repensar. Mas impressiona a solidez dos votos dos dois, sobretudo do Bolsonaro”, ressalta.

E dá para comparar a candidatura de Bolsonaro com a do norte-americana Donald Trump, em 2017? “Relativamente, já que lá não ocorreu um atentado. Mas há comparação. As ‘fake news’ são uma característica das duas campanhas. No caso da do Trump, identificadas depois. Aqui ainda não sabemos quem pagou ou quanto custou essa presença. Outra coisa que se assemelha é o fato de os dois serem muito autênticos. Quem tem essa presença autêntica se sobrepõe nas redes sociais”, finaliza.

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