O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad foi aprovado por aclamação nesta terça-feira (11), em reunião da Executiva do PT, como candidato à Presidência da República pelo partido em substituição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impedido de concorrer por ter sido enquadrado na Lei da Ficha limpa, informou à Reuters uma fonte presente ao encontro.
Depois de passar a manhã com Lula, Haddad foi ao hotel na capital paranaense onde a Executiva estava reunida e leu uma carta do ex-presidente direcionada aos líderes do PT.
No texto lido por Haddad, Lula dá seu aval à candidatura, aponta Haddad como a melhor escolha e como alguém capaz de seguir com seu projeto, mas ainda fala da sua indignação poruma condenação que considera injusta.
Uma segunda carta, preparada por Lula e Haddad nos dois últimos dias, foi preparada para ser lida na vigília, no primeiro ato público do ex-prefeito como o candidato petista.
O deputado José Guimarães (PT-CE), que participou do encontro, afirmou que a ex-deputada federal Manuela d’Ávila (PCdoB) será confirmada como vice na chapa de Haddad. Manuela desistiu de se candidatar à Presidência após decisão do seu partido de apoiar o PT.
O TSE determinou que o PT deveria anunciar até esta segunda-feira a substituição do nome de Lula na chapa presidencial, sob risco de o partido não poder lançar candidatura ao Palácio do Planalto.
Propaganda
A Justiça Eleitoral definiu também que o PT retire do ar as inserções e programas eleitorais em que o ex-presidente aparece como candidato. Se a medida for descumprida, há o risco de a coligação ter a propaganda suspensa pelos integrantes da Corte.
Haddad é alvo de investigações
Pouco antes e logo depois de ser eleito prefeito de São Paulo, respectivamente em 2012 e 2013, Fernando Haddad (PT) se encontrou com o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa.
Embora o próprio Haddad não tenha feito pedidos nestes encontros, segundo os presentes, Pessoa afirma em sua delação que poucos meses depois o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto o procurou para solicitar o pagamento de uma dívida de R$ 3 milhões da campanha.
Com a ajuda do doleiro Alberto Youssef, outro delator da empreiteira negociou a diminuição do valor a ser pago e foram bancados R$ 2,6 milhões, descontados de uma espécie de conta-corrente de propina que a empreiteira tinha com o partido.
Esses são os principais elementos que embasaram três acusações do Ministério Público contra Haddad, atual substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na chapa do PT à Presidência neste ano.
Respectivamente, as ações são eleitoral, civil e criminal. Sua defesa tem negado todas elas.
Segundo os delatores, o dinheiro seria pago ao ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, o Chicão. Além dos depoimentos, provas levantadas pela Polícia Federal apontam indícios de que Chicão recebeu pagamentos do doleiro por meio de transferências e de dinheiro em espécie.
A primeira ação contra Haddad sobre o caso foi apresentada em maio deste ano pela Promotoria Eleitoral e já foi aceita pela Justiça. O ex-prefeito é denunciado sob acusação da prática de caixa dois.
No fim de agosto, a Promotoria do Patrimônio Público propôs ação civil sob acusação de improbidade administrativa.
Uma semana depois, em 4 de setembro, Haddad foi denunciado pelo Gedec (Grupo de Repressão a Delitos Econômicos do Ministério Público paulista) acusado de praticar os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Todos os promotores ligam as reuniões que Haddad teve com Ricardo Pessoa à possibilidade da empresa de ser beneficiada com contratos públicos em sua gestão na prefeitura.
No entanto, como os delatores não disseram que o ex-prefeito pediu benefícios nessas reuniões, esse virou o principal argumento da defesa para justificar que Haddad não se envolveu em irregularidades.
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