Ex-executivo da Odebrecht apimentou seu acordo de delação premiada e entregou aos procuradores da Lava Jato informações preciosas sobre a reforma do sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo petista e as viagens que fez com ele para países da África e América Latina.
Alencar está revendo os dois depoimentos que prestou aos procuradores. No primeiro, em Curitiba, sua delação foi rejeitada porque os investigadores consideraram que ele omitira fatos para preservar Lula. Ciente de que a iniciativa foi frustrada, o executivo e seus advogados refizeram o roteiro e ele voltou a falar com a força-tarefa, desta vez em Brasília, desta vez com a apresentação de novas versões sobre o sítio e as viagens que fez em companhia do ex-presidente.
Apontado como um dos principais operadores de propina da Odebrecht, Alencar ficou quatro meses preso no ano passado, foi condenado a 15 anos de prisão e está em liberdade.
Alencar confirmou que atuou na reforma do sítio em Atibaia, feita por um consórcio informal composto por Odebrecht, OAS e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. Segundo as investigações, a Odebrecht iniciou a reforma do sítio em outubro de 2010, quando Lula ainda ocupava a Presidência, o que pode complicar a situação do ex-presidente se a Justiça considerar que a reforma foi a retribuição a algum favor que ele fez às empresas que cuidaram da obra.
Dependendo da interpretação judicial, a reforma poderá ser considerada crime de corrupção, já que começou quando Lula ocupava um cargo público. Na sua proposta de delação, porém, Alencar narra fatos sobre a reforma após a saída de Lula da Presidência. O começo da obra será narrado por outro delator da Odebrecht.
A empresa bancou benfeitorias no sítio, como a construção de um anexo com quatro suítes.
Alencar também acompanhou Lula pela África e América Latina, como Angola, Cuba, Panamá e Peru. No novo depoimento, ele contou sobre pagamentos e os interesses da empresa em receber o apoio do ex-presidente.
Em uma dessas viagens, para a Guiné Equatorial em 2011, o ex-diretor da Odebrecht fez parte de uma comitiva oficial de Lula, que deixara o governo no ano anterior, mas foi designado representante oficial pela então presidente, Dilma Rousseff.
Alencar era o mais frequente companheiro de Lula em viagens que ele fez após deixar a Presidência, sempre em jatinhos da Odebrecht.
Além de avançar em detalhes sobre as obras do sítio de Atibaia, as palestras de Lula –que custavam US$ 200 mil– e as viagens, Alencar apresentou novos fatos envolvendo ex-presidente e a Odebrecht que ocorreram após o fim do mandato do petista.
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