Em depoimento em Curitiba, no Paraná, a marqueteira Mônica Moura, delatora na Operação Lava-Jato, confirmou e detalhou repasses ilegais de dinheiro da Odebrecht para campanhas eleitorais dos petistas Dilma Rousseff e Fernando Haddad.
O juiz Sérgio Moro ouviu os depoimentos de quatro réus do processo, entre eles João Santana e Mônica Moura, que são delatores.
O casal de marqueteiros foi responsável pelas últimas três campanhas do PT à Presidência da República. Os dois são acusados de receber dinheiro do setor de propinas da Odebrecht.
No depoimento, Mônica Moura falou sobre pagamentos no Brasil e no exterior. Segundo ela, no Brasil eram feitos em espécie, mediante senha.
“Chegavam com o dinheiro em mochila, malas ou na roupa, jaquetas, meia, diversas formas. Eu esperava no local pré-determinado, a pessoa chegava, me pedia a senha, entregava o dinheiro e ia embora”, contou Mônica.
O Ministério Público Federal identificou nas planilhas da Odebrecht repasses para o casal que somam R$ 23,5 milhões entre 2014 e 2015, quando a Operação Lava-Jato já estava em andamento.
Os marqueteiros alegam que receberam parte deste valor. E Mônica Moura deu detalhes, no depoimento, sobre os pagamentos em caixa dois na campanha à reeleição de Dilma Rousseff.
“Negociei com a Dilma, o valor foi todo negociado diretamente com ela, eu e ela. Pela primeira vez na vida eu negocio diretamente com uma presidente e com um candidato, valores”.
No depoimento, Mônica Moura também citou pagamentos via caixa dois feitos pela Odebrecht nas campanhas para prefeitura de Fernando Haddad e Patrus Ananias, em 2012, além de campanhas no exterior.
“Nesse caso dos depósitos, que somam US$ 3 milhões, teve um fato inusitado. Como em 2012 foi o ano que fizemos recorde de campanhas, a Odebrecht estava colaborando em quatro das cinco campanhas: Angola, Venezuela, São Paulo Haddad e Minas Gerais, Patrus Ananias. Esses valores, quebradinhos, cada parte se refere a uma dívida. Mas todos campanhas políticas, não todos do PT”.
O Ministério Público Federal denunciou, em Curitiba, os ex-ministros da Fazenda dos governos petistas Antonio Palocci e Guido Mantega por corrupção na Operação Lava Jato. Os procuradores afirmam que, entre 2008 e 2010, a Odebrecht negociou pagamento de propina em troca da edição de medidas provisórias favoráveis aos interesses da empresa.
Ainda segundo as investigações, Mantega aceitou pagamento de R$ 50 milhões e o dinheiro foi usado na campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff.
Antonio Palocci está preso em Curitiba, condenado em outro inquérito da Lava-Jato. Ele e Mantega também são investigados pela operação em Brasília.
O que dizem os citados
O PT afirmou que a Lava-Jato arma espetáculos de olho nas eleições e que, desta vez, foi para criar notícias falsas contra o partido às vésperas do registro oficial da candidatura à Presidência da República.
A assessoria de Dilma Rousseff afirmou que ela nunca negociou doações eleitorais ou ordenou qualquer pagamento ilegal a prestadores de serviços em campanhas ou fora delas e que as declarações de Mônica Moura são mentirosas e descabidas.
O deputado Patrus Ananias declarou que o PT foi responsável pela parte financeira da campanha dele em 2012 e que não teve nenhum envolvimento com a captação de recursos.
As defesas de Guido Mantega e de Antonio Palocci disseram que só vão se pronunciar no processo e só depois de analisar a denúncia.
A Odebrecht declarou que continua colaborando com as autoridades.
A assessoria de Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, repetiu as declarações do PT de que a Lava-Jato arma espetáculos de olho nas eleições e que, desta vez, foi para criar notícias falsas contra o partido às vésperas do registro oficial da chapa de Lula e Haddad à Presidência da República.
Nenhum comentário:
Postar um comentário