Por volta das 16h dessa terça-feira, um grupo de seis pessoas começou uma greve de fome pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato. O protesto durou quase uma hora, em frente à sede do STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília.
Formando um cordão, a equipe de seguranças da Corte forçou a saída do grupo do local, com empurrões. Ao menos três manifestantes caíram da escada que dá acesso ao chamado “Salão Branco” do Supremo, área externa do prédio usada para o acesso dos ministros às sessões plenárias da Casa.
Procurada por repórteres de diversos veículos da imprensa, até o fim da noite a assessoria do Supremo não havia se manifestado sobre o incidente.
Essa é a terceira semana consecutiva em que há manifestações em frente à Suprema Corte do País. Na terça-feira anterior, ao menos 20 manifestantes favoráveis ao ex-presidente jogaram tinta vermelha no Salão Branco, em uma manifestação-relâmpago que não foi contida a tempo pelos agentes. Uma semana antes, manifestantes criticaram decisões recentes do colegiado, o salário dos magistrados e a prisão de Lula.
Justificativa
Integram a greve de fome integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) e CMP (Central dos Movimentos Populares).
De acordo com os coordenadores dessas entidades, outros protestos serão realizados em frente ao STF, abrindo uma série de atos que reivindicam a candidatura presidencial de Lula, preso na sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR) desde a noite de 7 de abril para cumprir uma sentença de 12 anos e um mês de prisão em regime fechado.
“A ideia é só sair no dia em que Lula for solto, porque ele representa para a gente a possibilidade de restabelecer a ordem democrática, a soberania nacional e a dignidade do povo brasileiro”, declarou Jaime Amorim, integrante do MST em Pernambuco.
De acordo com o frei Sérgio Antônio Görgen, um dos grevistas, quem decidirá o fim do protesto são os ministros do Supremo. “Nós vamos voltar todos os dias”, prometeu. “Temos um local onde vamos permanecer, e que ainda estamos definindo qual será.”
“Qualquer coisa que acontecer com qualquer um de nós, isso terá responsáveis com nome e sobrenome: Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Alexandre de Moraes”, enumerou o religioso, em referência aos ministros da Corte. Os seis magistrados votaram pela rejeição do pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Lula no dia 5 de abril e que abriu caminho para a prisão do ex-presidente.
Estratégia
A equipe de seguranças do Supremo isolou a área de acesso ao prédio principal da Corte, auxiliada pela PM (Polícia Militar). Do lado de fora, cerca de 40 manifestantes carregando cartazes pró-Lula protestavam aos gritos de “Judiciário golpista”, “canalhas”, e “condenação injusta”.
Os grevistas almoçaram com apoiadores em um espaço mantido pelos movimentos em Brasília. No cardápio, carne de costela bovina com mandioca, arroz, feijão e melancia de sobremesa. De acordo com Luiz “Gegê” Gonzaga, líder da CMP, essa foi a última refeição deles até que o STF determine a libertação de Lula.
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