terça-feira, 19 de junho de 2018

Um encarregado de obras da OAS disse que a construtora retirava os seus operários do sítio em Atibaia quando Lula aparecia no local

Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, o encarregado de obras Misael de Jesus Oliveira, da empreiteira OAS, confirmou ter coordenado uma equipe que trabalhou na reforma do sítio atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Atibaia (SP). O fato teria ocorrido no segundo semestre de 2014. Segundo ele, sempre que Lula aparecia, o pessoal era solicitado a deixar a propriedade rural.
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Misael contou que na época, ao ser chamado para a obra, foi informado que o serviço envolveria a reforma “no sítio do presidente”. Ele disse que encontrava semanalmente na propriedade a ex-primeira-dama Marisa Letícia (que faleceria em fevereiro de 2017, vítima de um AVC) e que viu o líder petista em apenas duas ocasiões.
“A gente encontrava a Dona Marisa todas as quartas-feiras e eles [o casal Lula] nos fins-de-semana”, detalhou. “O Lula eu vi duas vezes, mas ele foi mais lá. Só que quando ele ia, o caseiro ‘Maradona’ dava ordem para que a gente deixasse o sítio, então eu levava toda a equipe para São Paulo e voltávamos para lá só na segunda-feira.”
Misael prestou depoimento como testemunha de defesa de Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira e que, assim como Lula, é réu na ação que investiga se o petista recebeu cerca de R$ 1 milhão em vantagens indevidas das construtoras Odebrecht, OAS e Schahin, por meio de reformas e melhorias no local.
Oficialmente, a propriedade era de Fernando Bittar, amigo de um dos filhos do ex-presidente, mas o MPF (Ministério Público Federal) afirma que os donos, de fato, eram o líder petista e sua família.
Sigilo
O encarregado da obra disse que a reforma conduzida pela OAS teria custado entre R$ 400 mil e R$ 500 mil. Ele também relatou ter atendido algumas solicitações pessoais de Marisa Letícia e que foi orientado a não se identificar como funcionário da OAS.
“Fomos informados de que reformaríamos o sítio do presidente Lula, mas pediram para a gente manter sigilo, dentro e fora da empresa, sobre isso”, contou ao juiz Sérgio Moro. “Não podíamos, também, usar uniforme e nem o crachá da empresa”.
Ele acrescentou que levava dinheiro em espécie para a compra de material nas proximidades de obra e que as notas eram emitidas em seu nome, sem identificar a construtora, que depois recebia dele os comprovantes.
Bate-boca
Próximo ao fim do depoimento, houve um novo bate-boca entre o juiz Sérgio Moro e o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, após o magistrado indeferir uma pergunta da defesa. “Mais uma vez o senhor está sendo hostil à testemunha. Sempre acontece quando a testemunha é contrária à tese da defesa”, advertiu Moro.
“Estou fazendo o meu trabalho aqui, que é a descoberta dos fatos”, respondeu Zanin. “O juízo também faz o seu trabalho indeferindo perguntas impertinentes”, completou o magistrado, principal responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância.

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